Em uma análise, a historiadora Lilia Schwarcz foi direto ao ponto: adiamos, mais uma vez, a possibilidade de termos um Supremo Tribunal Federal mais diverso. Com a indicação de Flávio Dino para o cargo de ministro e a aposentadoria de Rosa Weber, o déficit de representatividade feminina no STF aumentou. E, vale ressaltar que a briga por ocupar postos na política e assentos nas mesas de poder é histórica. Quanta dificuldade nas instâncias do executivo, legislativo e judiciário!
O que chama a atenção é a surdez que teima em ignorar as demandas da sociedade. Há muito temos falado sobre a importância de incluir mulheres em todas as instâncias sociais – sobretudo, em cargos de poder. Como um Supremo pode tomar decisões de qualidade e que impactam na sociedade se não é um espelho dela? Ou seja, o que vemos é uma sucessão de homens brancos decidindo sobre um Brasil que não é totalmente masculino e muito menos branco.
Fico pasmada pela decisão de não querer evoluir como instituição e sociedade. As empresas – acho essa comparação bastante pertinente – estão em uma movimentação bastante consistente em prol da diversidade. O olhar se volta, justamente, para os ganhos em competitividade e em produtividade a partir de um ambiente diverso. E, aqui, cito um título da Primavera Editorial que traz exatamente a reflexão da enorme relevância da equidade de gênero e de como os homens podem se envolver na luta em prol da contratação de mais mulheres.
Na obra Escute o que ela diz, a autora – Joanne Lipman – afirma que quando tivermos mais homens se mobilizando para acabar com a desigualdade de gênero, poderemos trabalhar lado a lado, vislumbrando um futuro diferente. Na prática, a mensagem trazida pelo livro é que homens e mulheres devem trabalhar juntos pela diversidade, para a equidade salarial e por oportunidades iguais, porque a diversidade é boa para todos – e está diretamente ligada a melhores resultados para as empresas.
Então, por que será que os homens da política não seguem o mesmo exemplo? Temos que evoluir!